A história de Eunice Torres Nascimento; trajetória, valores e vivências.

CURRÍCULO DE UMA VIDA

Maria Eunice Torres do Nascimento é itacoatiarense, filha de Celestino Laurentino Torres e de Alice Rodrigues Torres. Recebeu como lição de seus pais a responsabilidade e o compromisso com a palavra. Honra e honestidade eram palavras de ordem. Ainda, como se não fosse suficiente tudo o que aprendera, herdou a coragem do pai para enfrentar a vida e ir adiante, apesar do medo do desconhecido. De sua mãe, herdou-lhe a fé em Deus, que tudo tem seu momento e que é preciso confiar. E aqui não significa esperar, mas sim fazer o que tem que ser feito e aceitar tudo o que a vida lhe der, sendo bom ou não, com amor. Mas nunca desistir; mudar o caminho, se for necessário, mas saber onde se quer chegar e perseverar.

E essa menina, que com doze anos começou a trabalhar na fábrica de castanhas, aprendeu desde cedo o que queria: uma vida melhor e mais justa. Casou, teve dois filhos, Ronnie e Roseanne, que lhe trouxeram a experiência da maternidade. Contudo, apesar do orgulho de ser mãe, que era o maior amor que poderia viver, sentia que precisava também se tornar orgulho para seus filhos com uma vida plena. Para tanto, descobriu cedo que estudar poderia ser o que lhe faltava para o alcançar esse objetivo. Trabalhou como Professora de alfabetização e primário, começando sua carreira profissional com esta profissão a quem até o Imperador do Japão se curva, dada a honra que é ensinar. Acabou separando-se, e foi no segundo casamento que encontrou o companheiro de sua vida, Alberto Nascimento, o qual se dedicou para que ela pudesse alcançar essa realização pessoal, além de ser o pai de seus dois outros filhos, Alberto Júnior e Michael. Sua próxima profissão como Escrevente Judiciária plantou a semente do amor pelo Direito. E mais uma vez ela mudou o caminho, pois sentiu no coração que talvez ali pudesse encontrar a Justiça.

Ousadamente, ela sai de Itacoatiara para ir morar em Manaus com toda a família. Pois a Faculdade de Direito seria a etapa necessária para realizar seu intento. Bem verdade que ela ainda chegou a sonhar com Medicina, mas foi na área de humanas que ela encontraria o caminho que buscava.

Formada, atuou com advogada, profissão precípua de quem atua no Direito. Experiência que lhe permitiu conhecer ainda mais a área e desejar um alcance maior, que lhe permitisse saciar sua sede de Justiça. Fez concurso para o Tribunal Regional Eleitoral – TRE, trabalhando como Técnico Judiciário. Ali aprendeu muito no trato com os colegas e potencializou o seu amor pelo bem público. E foi no concurso para o Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, como Juíza de Direito, que esta cabocla da cidade da pedra pintada encontrou o propósito de sua vida, que a tornava plena: aplicando o Direito e buscando ser justa. Todos que até hoje compartilham de seu convívio na sua atuação como magistrada reconhecem o seu amor e compromisso pelo Direito e pelo bem público. Assim, passou pelas Comarcas de Tapauá, Codajás, Manacapuru e, em Manaus, atuou no 16º Juizado Especial Criminal. Atualmente, na 9ª Vara Cível continua sua carreira, aprendendo sempre. Recebeu muitas homenagens dos servidores com quem trabalhou, assim como o reconhecimento da Câmara Municipal de Codajás com o Título de Cidadão Benemérita de Codajás em gratidão pelo trabalho desenvolvido.

Como toda semente que germina e ganha forças buscando a luz que alimenta, ela agora buscava o conhecimento essencial dessa área que completou sua vida. E voltou aos estudos, para aprofundamento. Assim, fez o Mestrado em Direito pela Universidade Metropolitana de Santos, com área de concentração em Filosofia do Direito e Direitos Coletivos; e, não satisfeita, fez uma nova graduação de Licenciatura em Filosofia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco. E, mais uma vez, ela descobriu um novo caminho que lhe faria compreender o ser humano: a filosofia. Voltou, por um curto período de tempo, a ser professora na Universidade Federal do Amazonas, onde plantou algumas sementes do seu amor e respeito pelo Direito ministrando aulas da Hermenêutica Jurídica, Direito Eleitoral e Processo Civil.

Por necessidade de melhor zelar pela família, ela passou a se dedicar somente à magistratura, mas sem nunca deixar de estudar e aprofundar os estudos sobre o Direito, o homem e o sentido da vida.

A sua marca está em todas as pessoas com quem ela conviveu, ajudou, ensinou, cuidou. Sua presença enche de orgulho o marido, seus irmãos, seus filhos, sobrinhos e netos. Seu pai viveu tempo suficiente para ver sua filha ir adiante no seu sonho; e sua mãe ainda está presente para lhe abençoar por todo o bem e o amor que ela transmite como filha, esposa, mãe, tia, amiga, magistrada.